Couve (Brassica oleracea)
Da família das Brassicaceae, também conhecida como cove, kale, col, chou, cavolo, garten-kohl. Plantas bienal, de 40 cm a 1,20 metros de altura, com caule ereto, cilíndrico, robusto e carnoso.
As folhas são pecioladas, espessas e um pouco carnosas.
As flores são grandes, de cor branca ou amarelada, dispostas em raminhos.
Crescem em diferentes climas, mas vivem melhor em temperaturas amenas.
Suportam geadas e temperaturas abaixo de 10 graus centígrados.
Apreciam solos argilosos.
Seu cultivo deve ser feito entre os meses de março e setembro, em fileiras bem espaçadas, por estacas de ramos ou pelos brotos que nascem nas laterais da planta-mãe.
A colheita, geralmente, deve ocorrer 90 dias após o plantio.
Por seleção agronômica, existem variedades de couve que diferem entre si, no porte, no colorido das folhas, nas inflorescências e na rais.
A variedade de couve repolhuda ou repolho, tem as folhas sobrepostas, com forma arredondada e se desenvolvem rente ao solo; a couve-crespa apresenta as folhas compridas, enrugadas e suculentas; a couve tronchuda possui as folhas maiores que a da couve-repolhuda, mas com o desenvolvimento semelhante; a couve rábano possui o caule muito carnoso e comestível; a couve-flor tem inflorescências comestíveis e a couve de Bruxelas tem o caule bem comprido, folhas com pecíolos na base, dos quais nascem pequenos brotos redondos e com desenvolvimento semelhante à da variedade repolho. A colheita de cada variedade tem métodos apropriados.
São conhecidos, pelo menos, cinco grupos diferentes dessa planta:
1) Couves "sem cabeça" ou que fecham pouco; caules não espessos, produzindo folhas durante o período vegetativo;
2) Repolhos: caules curtos terminando numa reunião de folhas ("cabeça") muito encostadas umas às outras;
3) Couve-de-bruxelas: caule ramificado, brotos laterais curtos;
4) Couve-nabo e C. ruíabaga; caules hipertrofiados, intumescimento subterrâneo ou à flor da terra e C. rábano, intumescimento aéreo;
5) Couve-brócolos e C-flor: inflorescências carnosas e comestíveis. Dos quatro últimos grupos vamos falar de conformidade com a ordem da seriação por nomes vulgares, sendo que o terceiro e quarto grupos pertencem a espécies vizinhas, porém distintas; quanto às do primeiro grupo, que se acham cultivadas no Brasil, muitas introduzidas e até profusamente distribuídas gratuitamente pelo Governo de São Paulo, iremos tratar, embora superficialmente.
A maior parte delas é usada na alimentação humana em grande escala, constituindo mesmo um elemento importantíssimo e totalmente indispensável a todos os povos civilizados, pois que, da abundância ou ausência de legumes verdes nos mercados, pode-se ajuizar, sem erro, do grau de adiantamento da respectiva população. A couve, embora não muito nutritiva é, no entanto, muito saudável.
A acusação que se faz para o repolho não é verdadeiro, quando taxasse-o de indigesto, pois os alemães o consomem em enormes proporções com o seu famoso " chucrute ", sem que se tenha confirmado a acusação que lhe fazem. Todas as couves são antiescorbútico e no passado constituíram a base de toda medicação, pois que são eficazes contra a prisão de ventre, a fraqueza da vista, os tremores dos membros e o ataque de gota. Já as sementes acalmam as cólicas em geral. Nas suas folhas a indústria apícola encontra um valioso auxiliar.
As principais variedades cultivadas entre nós e que pertencem ao primeiro grupo, o qual compreende a variedade Acephala, DC., cujas variedades hortícolas não formam "cabeça" e de que é tipo a couve-galega, e a variedade sabauda L., de variedades hortícolas com folhas crespas, enrugadas e bolhosas, de que é tipo a couve-de-saboya ou de Milão, algumas não formando cabeça e outras formando-a, porém frouxa:
1) — Couve-cavaleira arbórea ou cove-de-vaca; planta vigorosa e alta, até 2m de altura, com folhas lisas, grandes e ligeiramente enrugadas. Dá ótima forragem para porcos, galinhas, carneiros, coelhos, etc. Na ilha de Jérsey seus caules são aproveitados para bengalas que são objeto de comércio e uma das curiosidades que todos os excursionistas adquirem como lembrança da visita ao local.
2) — Couve cavaleira-vermelha porte menor que a precedente, porém ainda mais rústica, pecíolos e nervuras das folhas avermelhados. Igualmente forra em média 8,9% de matéria seca, 1,9% de proteína bruta digestível e 1,3% de proteína real digestível, sendo de 15,96 o valor líquido da energia em grandes calorias.
3) — Couve-celga verde-amarelada de Dreiembrunnen: planta sem "cabeça", verdura excelente para a mesa.
4) — Couve de Ia Sarthe: forrageira e muito produtiva, em França entra também na alimentação humana, pelo menos na estação primaveril.
5) — Couve de Milão "Favorita de Grrot": folhas frisadas, variedade precoce.
6) — Couve-de-milão "Victória": folhas numerosas e tão delicadamente enrugadas que é inconfundível mesmo com as demais variedades de folhas iguais, folhas tenras, macias e saborosas, forma "cabeça" grande, verde-amarelada.
7) — Couve-de-mosbach: folhas verde-claro, quase pálido, numerosas, frisadas, as superiores recurvadas para trás, nervuras brancas, fortes, caule de 60-70cm. Boa como legume, é também ornamental.
8) — Couve-de-sabóia "das Virtudes" ou couve-de-milão "das Virtudes": folhas exteriores numerosas, grandes, rugosas, abertas, verde-escuro, glaucas, folhas interiores formando "cabeça" achatada, às vezes lavada de cor de vinho.
9) — Couve-de-sabóia "precoce de Aubervilliers" ou couve-de-milão "grossa das Virtudes": variedade obtida da anterior e que dela se distingue principalmente por ter o caule mais curto, a cor mais loura e menos glauca, as folhas mais finamente enrugadas e a "cabeça" mais achatada.
10) — Couve-de-Sabóia dourada ou couve-de-milão dourada: folhas interiores grandes, verdes, muito mais enrugadas e quase todas inclinadas para trás, de cor loura, quase amarela, "cabeça" comprida, pouco fechada.
11) — Couve de Sabóia verde ou couve-lombarda ou couve-de-milão ordinária: folhas exteriores grandes, verde glauco, enrugadas, as interiores formam uma cabeça" regular, pouco fechada.
12) — Couve-aglega ou couve-mineira, também chamada de todo ano. Planta de grande e rápido desenvolvimento, atingindo mais de 4m de altura se lhe forem cortando as folhas novas, boas para a mesa; quando velhas servem para forragem.
13) — Couve-lombarda, de pé alto, folhas bolhosas e enrugadas fechando em "cabeça" antes da inflorescência. Deve pertencer à série das couves-de-milão ou de Sabóia.
14) — Couve-manteiga: folhas verde amareladas, não muito grandes, tenras, fortemente intumescidas e enrugadas, caule alto. Há uma espécie denominada "especial" ou "lisa", bem verde, ainda mais aconselhada para a mesa e que é uma das mais cultivadas.
15) — Couve Marcellin ou couve-de-milão anã: folhas grandes, verde-escuro, finamente enrugadas, estendendo-se em roseta para todos os lados antes de formar a "cabeça", época em que deve ser colhida. Magnífica pava a mesa.
16) — Couve-meduleira-branca e couve-meduleira-roxa: folhas grandes e poucas, caule intumescido ou ventrudo, comestível como legume enquanto jovem e o seu diâmetro não excede de 7cm. É boa forragem, muito digestível e apreciada pelos animais.
17) — Couve-de-mil-cabeças ou couve-pólo: folhas grandes, oblongas, cretas, numerosas, boa forragem, especial para pássaros.
18) — Couve-murciana ou couve-de-nápoles: folhas grandes e espessas, quase arredondadas, verde-escuro na página superior e acinzentadas na inferior, forma "cabeça" porém muito frouxa.
19) —Couve-nabiça: folhas compridas, profundamente lobada na base, pecíolos bancacentos. Muito boa para a mesa.
20) — Couve-penca ou couve-de-espanha, também chamada couve-madeira: folhas próximas, talos muito brancos e carnosos, forma "cabeça" frouxa e é muito boa para a mesa.
21) — Couve-ramosa-do-potou: folhas numerosas e grandes, empregadas na França para fazer um tipo de caldo verde. Cultivada em São Paulo como forragem. Sua produção neste Estado é de 70 a 75.000 quilos por hectare.
22) — Tronchuda-portuguesa ou couve-penca-de-chaves, também chamada Troncha: folhas próximas, fortemente nervadas e com as margens onduladas, forma "cabeça" pequena e pouco compacta.
23) — Villariça: folhas largas, nervuras muito grossas, brancas e tenras. — Estão, pois, reunidas aqui todas ou quase todas as variedades do primeiro grupo que se acham em plena cultura no Brasil. A couve pode ser atacada por várias espécies de fungos e insetos, como "percevejo-dos-feijões", "hérnia-da-couve", e seus nomes populares. Todas as demais couves estão sujeitas àqueles elementos destruidores. Como nos demais países do globo, no Brasil, o consumo da couve em todas as suas variedades é muito intenso. Na realidade, é prato quase obrigatório em todos os recantos do nosso país.
Partes utilizadas
Folhas, talos, sementes.
Indicações
Acalmar cólicas (sementes), artrite, bronquite (ajudar), asma, catarros, cicatrizar úlcera gástrica e duodenal, desinfetar o intestino, diminuir desejo por bebidas alcoólicas, doenças inflamatórias da pele, dores (ciáticas, reumáticas, nevrálgicas, de gota), estimular o apetite, febre, fortificar crianças em fase de crescimento, gota, prisão de ventre, reumatismo, seborreia do couro cabeludo, tosse, vermes.
Modo de usar
- Preferencialmente crua em salada ou suco (pois é rica em vitamina C (mais que a laranja), que se perde com o calor), frita ou refogada com alho e óleo, sopas, em farofas, recheios de omeletes, lasanhas e panquecas, "charutinhos", recheados com arroz cozido, legumes, frango desfiado ou carne moída, talos no preparo de sopas, junto com feijão ou caldos; caldo verde; sucos refrescantes, com suco de limão e açúcar;
- Sumo do caule: doenças do estômago;
- Suco em jejum: úlceras no estômago, doenças no ouvido, anemia;
- Sumo das folhas, tomar uma xícaras quatro vezes ao dia: abrandar hemorróidas, úlcera do estômago e do duodeno, tosse, asma, catarros, doenças inflamatórias da pele, diminuir desejo de bebidas alcólicas;
- Suco e as sementes: vermes; - ferver uma folha de couve em 150 ml de leite de vaca leite, esperar esfriar e adoçar com mel e tomar: tosse, rouquidão e bronquite; - uma folha de couve macerada com uma colher das de café de ácido bórico, usar como compressa para: aliviar ulcerações na pele;
- Uma folha amassada aplicar sobre ferida: cicatrizante;
- Talos, colocados em cachaça. Tomar uma colher das de chá por dia: ajuda a corrigir os alcoólatras; áticas, reumáticas, nevrálgicas e da gota.
Afecções pulmonares, tosse, asma e bronquite; expectorante : retire a nervura mediana de 1 folhas e fatie. Em 1 xícara de chá, coloque 1 colher de sopa de folha fatiada e adicione leite fervente. Deixe esfriar e coe. Tome 1 xícara de chá de 1 a 3 vezes ao dia, podendo ser adoçado com mel.
Afecções da pele, dermatoses, pruridos e eczemas : em um pilão, coloque 3 colheres de sopa de folhas fatiadas, 1 colher de sopa de suco de limão e 1 xícara de chá de água. Amasse bem e coe em um pano, espremendo o resíduo. Faça compressas nas partes afetadas, com algodão embebido nesse líquido, 2 ou 3 vezes ao dia.
Úlceras estomacais e duodenais; acidez estomacal; intestino preguiçoso: lave bem 1 punhado de folhas, retire a nervura mediana e fatie. Coma antes das refeições, regadas com azeite, durante 3 ou 4 semanas.
Dor muscular e nas juntas; reumatismo; úlceras varicosas; feridas inflamadas; gota; artrite; dor ciática; nevralgias em geral; dor de cabeça ; em uma panela com água em fervura, coloque uma peneira, de modo que a mesma não toque n água e sobre a peneira uma pano e 1 punhado de folhas fatiadas. Manter em fervura para adsorver os vapores quentes. Ainda morno, aplique o pano com as folhas nas partes afetadas e cubra com um outro pano. deixe agir por 2 horas ou durante a noite toda.
Alcoolismo crônico : retire os cabinhos de 5 folhas, fatie bem esses e coloque em 1 xícara de chá de álcool de cereais a 50%. Deixe em maceração por 5 dias e coe. Tome 1 colher de sobremesas, diluído em um pouco de água, 3 vezes ao dia.
Propriedades medicinais
Anti-helmíntica, antirreumática, aperiente, béquica, cicatrizante, condicionante, estimulante, expectorante, fortalecedora.
Princípios ativos
Cálcio, cobre, ferro, flúor, fósforo, iodo, minerais, potássio, vitaminas A, B, C.
História | Origem | Plantio | Habitat
Europa, sendo bem cultivada em todo o Brasil.
Deve-se usar as folhas ainda frescas e muito bem lavadas.
Família
-
Brassicaceae